Epidemiologia da raiva bovina na mesorregião Nordeste do estado do Pará.
Vírus. Raiva. Bovino. Desmatamento. Amazônia.
A raiva é uma zoonose de grande importância tanto na Saúde Pública quanto na Saúde Animal, causada por um vírus Lyssavírus que provoca encefalite cujo curso da doença geralmente é fatal. Os bovinos participam do ciclo epidemiológico como sentinelas da circulação do vírus rábico. A mesorregião Nordeste do Pará foi escolhida para avaliar a epidemiologia da raiva bovina em dois períodos distintos (2006 a 2012 e 2013 a 2018). Os dados secundários: resultados laboratoriais de amostras de Sistema Nervoso Central de bovinos suspeitas de raiva, pecuária bovina e desmatamento foram obtidos de fontes oficiais governamentais. Na análise dos dados foram utilizados os programas Microsoft Excel® 2013 e BioEstat 5.3. Os resultados mostraram maior número de casos na microrregião Bragantina, diferentes tendências tanto na ocorrência quanto no número de municípios afetados pela doença, grande difusão da doença nas áreas Guamá e Tomé-Açu. Não houve registro da doença na microrregião Salgado. As maiores taxas de incidência animal coincidiram com os picos de ocorrência nos anos 2007 e 2017 nas áreas Bragantina e Guamá. A maioria dos casos de raiva se concentrou na estação mais chuvosa, porém não foi possível confirmar a existência de sazonalidade na mesorregião como um todo, porém, no município de Bragança sugere-se tanto sazonalidade quanto ciclicidade da raiva. Os maiores percentuais de desmatamento foram na Bragantina e Guamá e os maiores rebanhos bovinos estavam presentes na Guamá e Tomé-Açu. Os casos de raiva bovina apresentaram maior correlação com o desmatamento do que com a pecuária bovina. A correlação entre pecuária e desmatamento confirmou-se no município de Bragança. O vírus da raiva circula na maioria dos municípios do Nordeste do Pará, o que reforça a importância do acompanhamento de eventos sentinela, assim como a necessidade de melhorias na vigilância da raiva bovina nesta área da Amazônia brasileira.