Esta pesquisa tem como objeto central de estudo a monitoria na formação inicial de professores de educação física, em especial do Curso de Educação Física da Universidade do Estado do Pará (CEDF/UEPA). O estudo trata dos objetivos da monitoria na UEPA para os cursos de graduação, segundo a Resolução Nº 2808/15 e dialoga com o Projeto Político Pedagógico do Curso de Educação Física projeto de 2008, considera a formação e a prática profissional dos professores egressos do programa de monitoria e bolsistas, com foco nas práticas de ensino e aprendizagem que tiveram ainda como monitores e as contribuições que desempenharam em suas trajetórias profissionais. Caracteriza as implicações de ordem acadêmica e profissional que resultam em contribuições da monitoria para a construção da prática docente, e de saberes que contribuem para a criação da identidade docente como professor formador no âmbito da educação física. Analisa as pesquisas no campo da monitoria como integrante do processo de formação inicial e identifica que ainda são escassas no meio educacional. Justifica a realização da pesquisa em demonstrar as implicações de ordem acadêmica e profissional aprimoradas com a participação no programa de monitoria da UEPA. A metodologia consiste em um estudo dialético, com o interacionismo simbólico como método de pesquisa e o tipo de pesquisa de campo, na modalidade de estudo crítico-interpretativa. Desenvolve na escrita o estudo do conhecimento do objeto monitoria e formação inicial de professores; aplicação e tratamento da entrevista dialógica com diálogos por meio da roda de conversa; análise crítico-interpretativa dos dados codificados - significados simbólicos - e aprecia os dados reunidos a partir dos conceitos e ideias dos autores acerca do campo de estudo. O lócus da pesquisa é o CEDF/UEPA e os participantes da pesquisa são os monitores egressos. Como instrumento de coleta de dados tem o questionário encaminhado para cento e setenta e quatro egressos do curso, onde obteve resposta de vinte e oito professores e professoras, em roda de conversa dialógica via plataforma Google Meet seis sujeitos concordaram em participar. Faz a redução de dados com a codificação de palavras, termos e acontecimentos organizados em quadros de significação. O resultado demonstra que a monitoria é importante para a formação profissional, porém não é exercida plenamente por todos os professores orientadores do programa de monitoria no curso, e de não existir a possibilidade de monitorar disciplinas fundamentais no currículo, pela ausência de professores adeptos da monitoria.

A educação popular configura-se como uma concepção de educação que serve à causa popular e é feita pelo povo e com o povo, ou seja, expressa as lutas da classe trabalhadora por uma educação transformadora, libertadora e emancipatória. A história da Educação Popular no município de Altamira, estado do Pará, está diretamente ligada à história dos movimentos sociais que surgiram na década de 1970 e ganharam novas configurações logo após as novas situações econômicas e sociais geradas a partir da implantação da Usina Hidrelétrica de Belo Monte. A classe trabalhadora de Altamira ficou exposta a várias problemáticas ambientais, sociais e econômicas. Diante disso, o presente estudo teve como objetivo analisar o processo educativo desenvolvido na Casa de Educação Popular (CEP) do município de Altamira-PA, em uma de suas frentes de atuação, o Cursinho Popular, bem como os seus impactos para a classe trabalhadora atendida. A pesquisa teve abordagem qualitativa e se caracteriza, metologicamente, como um estudo de caso. Utilizamos como instrumentos para a construção do corpus da pesquisa: o levantamento documental, a pesquisa de campo, a observação participante e a realização de entrevistas semiestruturadas. A entrevistas foram realizadas durante os meses de junho a agosto de 2021. Foram realizadas 15 entrevistas com os seguintes sujeitos: (i) Educandos; (ii) Professores; (iii) Coordenadores e (iv) Líderes de Movimentos Sociais. A partir dos resultados obtidos ficou evidenciado a importância das frentes de atuação da CEP na região, sobretudo, a importância do Cursinho Popular na vida dos educandos atendidos. Com sua perspectiva teórico-metodológica inovadora baseada nos princípios da Educação Libertadora de Paulo Freire, o Cursinho Popular teve diversos resultados positivos durante os mais de dez anos atuando na educação de jovens e adultos neste município. A importância da Educação Popular no município de Altamira, num contexto de vulnerabilidade social, teve participação incisiva no cotidiano dos indivíduos envolvidos no movimento, ficando claro que o Cursinho não só foi responsável pela aprovação de grande parte dos alunos mais pobres da cidade em universidades públicas e privadas, mas também teve impacto nos ensinamentos sobre cidadania e política à classe trabalhadora do município.

O presente estudo intitulado “Formação de Professores: como está sendo formado o professor pesquisador em música” trata sobre a figura do Professor Pesquisador em Música, bem como a formação deste a partir de uma investigação realizada no curso de Licenciatura Plena em Música da UEPA (Universidade do Estado do Pará), Campus I situado em Belém. Sendo assim, a partir da problemática levantada, o estudo tem como questão central: como ocorre a formação do Professor de Música no curso de Licenciatura Plena em Música da UEPA/CCSE, e quais as contribuições dessa formação para o engajamento dos discentes na pesquisa? E como questões norteadoras: De que maneira a formação no curso de Licenciatura em Música da UEPA/CCSE é direcionada à pesquisa e desenvolve, de fato, nos alunos, um perfil de professor pesquisador? O conceito de Professor Pesquisador e a ideia de atuar sobre essa perspectiva está se consolidando na formação dos alunos do curso de licenciatura em Música da UEPA/CCSE? Tendo como objetivo geral analisar de que forma o curso de Licenciatura em Música da Universidade do Estado do Pará, no Campus I, em Belém, têm cooperado para formação de professores que fazem uso da pesquisa em sua prática docente. É uma pesquisa com abordagem qualitativa e conta como aporte os autores de base Gatti (2019) e Demo (2012). Os resultados mostraram que o curso de Música, por meio da colaboração dos docentes e da coordenação, tem procurado avançar no que é necessário para o perfil do educador musical, bem como preparar seus discentes por meio do engajamento em atividades, disciplinas e programas que estejam voltados à pesquisa. Pode-se concluir que são diversas as formas como um curso de graduação, e mais especificamente de licenciatura pode contribuir para a formação de professores que sejam professores pesquisadores, mas o que realmente fará toda a diferença é se de fato estão sendo oferecidas essas oportunidades e se sim, de que maneira, e ainda, se os discentes têm a compreensão de qual a importância de fazerem proveito dessas oportunidades para garantir uma formação completa e que lhe assegure uma prática docente eficaz e que gere bons resultados.

O objetivo deste estudo é analisar a criança e a infância pela percepção das crianças em uma escola da ilha de Cotijuba-PA, sob o contexto de suas vivências e experiências na educação infantil. Como objeto de pesquisa temos, a criança e a infância na escola de educação infantil do campo. O problema consiste em saber, como as crianças vivenciam e percebem a infância, a escola e a educação infantil no campo? Os procedimentos teóricos metodológicos propostos têm como método científico o enfoque Materialista Histórico Dialético com ênfase na perspectiva Histórico-Cultural de Vigotski – o método de pesquisa é o dinâmico-causal, discutido por Delari Júnior (2015) em Questões de método em Lev Vigotski, cuja abordagem é qualitativa. Para o conhecimento do locus da pesquisa, utilizamo-nos de fotografias e entrevista não estruturada com um morador da ilha. As participantes da pesquisa são 20 crianças na idade entre 4 e 6 anos, de duas turmas multisseriadas de educação infantil de duas unidades pedagógicas, Flexeira e Seringal, pertencentes à Fundação Escola Bosque Professor Eidorfe Moreira, localizadas na ilha de Cotijuba-PA. Como instrumento de coleta de dados utilizamos a observação participante, a roda de conversa e o desenho comentado; para tanto, os cuidados éticos foram adotados. A análise dos dados perpassa por uma categoria analítica e cinco unidades de análise. Os principais resultados do estudo nos evidencia crianças que se compreendem em sua condição de criança, percebem sua importância para a sociedade, sentem-se respeitadas por seus/as professores/as e tem consciência para significar e reelaborar com criatividade os instrumentos culturais com os quais convive; o que demonstra seriedade para se refletir práticas educacionais que considerem as especificidades das crianças em suas infâncias, na educação infantil do campo.

A presente pesquisa parte da seguinte problemática: quais as percepções e vivências dos/as alunos/as com deficiência e de seus familiares sobre a inclusão escolar na EJA? Desse modo, o objetivo geral foi o de analisar as percepções e as vivências dos/as alunos/as com deficiência e de seus familiares sobre a inclusão na EJA. A pesquisa se orientou tendo em vista estes objetivos específicos: descrever como acontece a organização para a inclusão do/a aluno/a com deficiência na Escola Flores; averiguar as percepções dos/as alunos/as e de seus familiares sobre a inclusão escolar dos/as alunos/as com deficiência; conhecer as vivências e as percepções dos/as alunos/as sobre as aulas desenvolvidas pelos/as professores/as; evidenciar os avanços e os desafios percebidos pelos/as alunos/as com deficiência e por seus familiares. Este estudo é de abordagem qualitativa, baseado na fenomenologia social (SCHUTZ, 1979) e no estudo de caso (LÜDKE; ANDRÉ, 1986). O lócus da pesquisa é uma escola regular que disponibiliza a modalidade da Educação de Jovens e Adultos (EJA), localizada no município de Belém, e adota como procedimentos metodológicos a observação in loco e a entrevista semiestruturada. Os sujeitos da pesquisa foram: os/as alunos/as com deficiência e seus familiares. Os dados desta pesquisa foram obtidos por meio da categorização de análise de conteúdo de Bardin (1977). Como aportes teóricos foram utilizados: Araújo (2007), Marquez e Godoy (2020) e Haddad e Di Pierro (2000), Fernandes (2013), Mazzotta (2005), Jannuzzi (2012), Sassaki (2020), Mantoan (2003), Ferreira (2006a; 2006b; 2009). Também recorreu-se às legislações nacionais: as Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (1961; 1971; 1996) e à Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência. Alguns resultados alcançados foram: ao traçarmos os perfis dos/as discentes, verificamos que eram jovens e adultos, cuja faixa etária varia de 15 a 48 anos, os quais, em suas trajetórias escolares, foram excluídos da educação regular. Dessa forma, seus familiares buscam na EJA a oportunidade de escolarização e socialização para seus filhos. No que se refere aos desafios identificados pelos/as participantes, eles estavam relacionados ao preconceito dos/as alunos/as sem deficiência e à ausência de práticas inclusivas por parte de alguns professores/as. Durante as observações, constatamos que esses desafios estão relacionados às aulas baseadas no método tradicional. Apesar dos desafios, os/as participantes identificaram avanços na aprendizagem dos/as educandos/as com deficiência após a matrícula na instituição, tais como: avanços na leitura, escrita, socialização, comunicação e também motivação para assiduidade da frequência escolar, pois havia na Escola Flores profissionais que realizavam aulas que consideravam as necessidades e as habilidades dos/as discentes da EJA

Este texto é resultado da pesquisa que teve como problema a seguinte questão: como as práticas pedagógicas são afetadas pela compreensão da relação do gênero por professores e professoras de educação física? Apontando a necessidade em responder essa questão, o objetivo geral tratou em compreender o modo como as relações de gênero estão presentes nas práticas pedagógicas escolares de professores e professoras de educação física do ensino médio. Além disso, os objetivos específicos analisaram como os/as professores/as entrevistados/as compreendem as relações de gênero, comparar as vivências do período escolar dos/das professores/as entrevistados/as com as suas aulas de educação física atualmente; e, discutir como se dão as estratégias dos/das professores/as para a inclusão de gênero nas suas aulas. Para alcançar e responder tais objetivos, foi utilizado a pesquisa qualitativa com abordagem na fenomenologia social de Alfred Schutz (1979), a entrevista narrativa de Fritz Schütze (2013) como instrumento de coleta de dados, além do método documentário de interpretação desenvolvido por Mannhein (1964) e adaptado por Bohnsack e Weller (2013) para compreender os significados e sentidos utilizados nas falas de seis professores e professoras de Educação Física entrevistados, atuantes no ensino médio em escolas públicas, privadas ou confessionais do munícipio de Belém – Pa. Os resultados demonstraram a falta de entendimento dos professores sobre as relações de gênero, levando a compreensão que a falta de informações por parte dos e das docentes é um fator determinante para a organização das suas aulas, podendo atingir a participação, especialmente das meninas, nas práticas corporais. Os entrevistados acreditam que não existem práticas corporais específicas para meninas ou meninos, porém demonstram que, em determinados momentos, utilizam o gênero como um fator de divisão para a composição e organização das aulas.

Esta pesquisa está vinculada ao Programa de Pós-Graduação, Mestrado em Educação, da Universidade do Estado do Pará, na Linha de Pesquisa Saberes Culturais e Educação na Amazônia. Tem como fenômeno social de estudo saberes culturais como prática de aprendizagem e circulação de saberes em territórios de comunidades tradicionais ribeirinhas do Céu e Caju- Una, localizadas na região insular do Marajó. Tem como pressuposto que a pesca artesanal fundamentada ontologicamente como experiência de trabalho e em saberes práticos locais garantem a produção da existência e formação humana. Orienta-se pela seguinte questão problema: De que forma o trabalho da pesca artesanal tem contribuído para a efetivação de práticas de aprendizagem construção de saberes e circulação por entre territórios das comunidades tradicionais ribeirinhas do Céu e Caju- Una? Busca analisar a contribuição do trabalho da pesca artesanal para a efetivação de práticas de aprendizagem construção de saberes e circulação entre territórios das comunidades tradicionais ribeirinhas do Céu e Caju-una. Metodológico configura-se por uma abordagem qualitativa, realizada por meio de uma pesquisa de campo, com procedimentos da etnografia e da historial oral e para produção e análise dos dados, a observação participante, entrevistas semiestruturadas e fotografias. Epistemologicamente sustentou-se por aportes teóricos voltados para categorias como território/territorialidade; experiência de trabalho; saberes culturais/experiência; espaços de aprendizagem; povos e comunidades tradicionais e pesca artesanal, utilizei Haesbert, Medeiros, Floriani, Silva, Bondía, Diegues, Furtado, Brandão, Freire, Diegues, Furtado, dentre outros. Dessa forma, partindo da pluralidade de saberes produzidos nas experiências de trabalho da pesca artesanal, mapeou-se saberes que orientam a pedagogia da pesca: saber da pesca de tarrafa, saber da pesca de rabiola, saber da pesca de muruada, saber da pesca de arrastão, saber da pesca de cambão. Desse modo, constatou-se que por meio da circulação desses saberes em espaços formais e informais práticas educativas ocorrem no espaço do campo, moradia, praia, rio, igarapé, associações e escolas na interação entre ser humano e ambiente local.

Este estudo aborda a história de vida pessoal e profissional de Maria do Monte Serrat Carvalho Quaresma, uma mulher negra, escritora, professora e poeta. Serrat nasceu em 18 de janeiro de 1937, na cidade de Abaetetuba/Pa, localizada na região do Baixo Tocantins. A pesquisa foi desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade do Estado do Pará, na Linha Saberes Culturais e Educação na Amazônia e no Grupo História da Educação na Amazônia, linha História das Instituições Educativas, Intelectuais e impressos. O objetivo geral da pesquisa consiste em analisar a trajetória pessoal e profissional de Maria do Monte Serrat, nos anos de 1940-1970; e como específicos, traçar o perfil social e cultural de Maria do Monte Serrat; mapear saberes e práticas vivenciadas por Serrat; caracterizar a sua prática docente no Grupo Escolar Basílio de Carvalho. Trata-se de uma pesquisa documental que tem como objeto e fontes três obras de Maria do Monte Serrat “A mãe da teimosia e o desejo de ser” (2012), “Do meio do povo – nossa história em lições de vida” (2005) e “Sonhando um mundo mais justo gerado na luz do amor” (2012); documentos disponíveis no Instituto Nossa Senhora dos Anjos (relatórios, boletins, ficha individual e diploma) e narrativas orais de cinco sujeitos que conviveram com Monte Serrat em diferentes espaços sociais. Monte Serrat teve a sua infância e adolescência marcada por desigualdades sociais, preconceitos e resistência, mesmo diante de dificuldades não desistiu do seu “desejo de ser”: formar-se professora. Figura singular de forte representação social, que influenciou não apenas com seus escritos, mas também em sua atuação em diferentes esferas educacionais. Foi professora, poetisa, escritora e educadora religiosa, desenvolvendo uma prática de ensino inovadora à época, possivelmente, influenciada por ideias escolanovistas, já que levava em consideração os interesses dos alunos e propunha um ensino prático para facilitar a aprendizagem. Nas obras analisadas, é perceptível a íntima relação de Monte Serrat com a natureza – na exaltação de rios e matas - e a devoção a Deus, no entanto, as suas produções não tratam apenas da sua experiência pessoal, evidenciam também uma determinada sociedade, com suas práticas educativas, saberes ambientais, costumes e manifestações socioculturais. Este estudo traz significativas contribuições para o Campo da História da Educação, especialmente, para a história da educação de mulheres.

Este trabalho apresenta os resultados de uma pesquisa sobre o ensino de Sistema de Numeração Decimal, problemas aditivos e problemas multiplicativos com números naturais, que objetivou analisar os possíveis efeitos da aplicação de uma sequência didática para o ensino por atividades experimentais do Sistema de Numeração Decimal e dos problemas aditivos e multiplicativos aos alunos do 5º ano do Ensino Fundamental. O problema norteador deste estudo foi: Quais os possíveis efeitos da aplicação de uma sequência didática para o ensino por atividades experimentais de Sistema de Numeração Decimal e problemas aditivos e multiplicativos aos alunos do 5º ano do Ensino Fundamental? O trabalho teve como método de pesquisa a Engenharia Didática. A Experimentação ocorreu em uma turma do 5º ano do Ensino Fundamental de uma escola da SEMEC – Belém com 31 estudantes e correspondeu à aplicação da Sequência Didática. Concluiu-se que a sequência didática aplicada alcançou os seguintes efeitos: no Sistema de Numeração Decimal, os alunos apresentaram avanços na leitura e na escrita dos numerais; nos problemas aditivos e nos problemas multiplicativos, os discentes obtiveram melhoria de desempenhos nos testes, especialmente relativa à escolha da operação, com destaque para a segunda etapa, onde houve um salto no rendimento da maioria dos estudantes; ademais, os estudantes demonstraram enriquecimento na precisão das conclusões formuladas e aumento de protagonismo e interesse nas aulas. Contudo, essa pesquisa encontrou algumas limitações, referentes às composições e decomposições numéricas e ao uso dos algoritmos, que apresentaram resultados menos exitosos, dando indícios da necessidade de estudos futuros relativos a esses domínios.

CARRILHO, Liliane da Silva França. Do Cárcere à Educação: concepções sobre infância, “menor”, crime e instituições em Belém do Pará (1890-1910). 2023. 365 f. Texto de Tese (Doutorado em Educação) – Universidade do Estado do Pará, Belém, 2023. O presente estudo teve como objetivo analisar o objeto da tese, intitulada Do Cárcere à Educação: concepções sobre infância, “menor”, crime e instituições em Belém do Pará (1890-1910) nos arquivos do Centro de Memória da Amazônia (CMA) e Arquivo Público do Estado do Pará (APEP). Para tanto, foi utilizado as seguintes fontes judiciais: o processo judicial de Maria Magdalena de Lima, onde consta os registros de sua condenação por desordem/vagabundagem e prostituição, no ano de 1905, que sinalizam o modelo de educação aplicado à infância da classe popular durante a Primeira República; e os livros de ocorrências da Cadeia Pública de São José, que indicam o movimento carcerário de homens, mulheres e crianças no referido espaço, como pistas epistemológicas importantes para a construção do conhecimento na História da Educação no Pará. Não obstante, de acordo com análise sociocultural e socioeducacional de “menores” na sociedade paraense republicana, no processo judicial e nos livros de ocorrências da Cadeia Pública de São José, para onde muitos foram encaminhados judicialmente por acusações de criminalidade e prostituição, foi identificado que o papel dessa instituição e dos instrumentos ideológicos do Estado era o de promover disciplinamento e encarceramento para conter comportamentos considerados fora dos padrões de civilidade, e a capacitação para o trabalho, segundo o que se projetou para a Belém da modernidade. Assim, foi criada a falsa impressão de que o aprisionamento desses “menores” seria a solução inicial para a problemática da criminalidade e da prostituição, pois o código penal de 1890 ordenava que, uma vez condenados judicialmente, deveriam ser encaminhados a instituições disciplinares que oferecessem o aprendizado de boa conduta e instrução profissional.

A pesquisa recorre ao universo da educação infantil do campo, no contexto de uma turma multisseriada, para extrair as ações culturais e criativas de meninos e meninas na prática educativa em um espaço-tempo multisseriado. O interesse pela pesquisa surge da minha imersão nesse contexto quando realizava a pesquisa de mestrado em 2016. Muitas vozes de professores e professoras reverberavam a atenção dada as crianças do ensino fundamental em detrimento da educação infantil. Foi essa a razão de adentar no contexto multisseriado para lançar o problema de pesquisa da tese: Como as crianças da educação infantil do campo de turmas multisseriadas no contexto da Amazônia tracuateuense vivenciam, cultural e criativamente, a prática educativa em tempo e espaço da multissérie? Com o intuito de analisar as vozes de crianças da educação infantil do campo de turmas multisseriadas sobre suas vivências culturais e criativas na prática educativa no tempo e espaço coletivo, lançamos como objetivos específicos: identificar, a partir da ótica das crianças da educação infantil, as práticas educativas que elas partilham no tempo e espaço de turmas multisseriadas; investigar o papel das crianças da educação infantil como atores sociais e de direitos no tempo e espaço de turmas multisseriadas; descrever, por meio das análises interpretativas, as ações culturais e criativas das crianças da educação infantil do campo na prática educativa do tempo e espaço da multissérie. Por conseguinte, situamos a pesquisa embasada na perspectiva sócio-histórica educacional, um estudo de caso etnográfico que segue preceitos éticos da pesquisa com crianças, incorporando a observação, a produção de desenhos oralizados, a fotografia do contexto com interpretação das crianças como técnicas de pesquisa acessível a esse grupo geracional. Além disso, trazemos as vozes de duas professoras e da coordenadora pedagógica para compreender a organização desse tempo e espaço multi. O aporte teórico fundamenta-se em categorias teóricas, a Sociologia da Infância conceituando a infância como uma categoria histórico-social, geracional e permanente, sendo as crianças seus sujeitos (QVORTRUP, 2010; PROUT, 2010; CORSARO, 2011; SARMENTO, 2011); a educação do campo que o une com o nível da infância, que se configura como aquela que ocorre em articulação com a materialidade da vida concreta (CALDART, 2009; OLIVEIRA; FRANÇA; SANTOS, 2011; SILVA; PASUCH, 2010; HAGE; REIS, 2018). Esses autores nos possibilitam sustentar a tese de que as crianças da educação infantil no contexto das turmas multisseriadas reelaboram, criam e reinventam criativa e inventivamente as práticas educativas em tempos e espaços nos quais estão inseridas, produzindo-as, reconstruindo-as e ressignificando-as. O conceito de reprodução interpretativa compreende o que Corsaro (2011) designa como inclusão de elementos inovadores e criativos das crianças em cultura de pares para ressignificar o mundo adulto e atender a suas especificidades. Os resultados, apontam que as crianças partilham tempos, espaços e conhecimento diversos, incorporados nas culturas de pares. Constroem relações positivas com as crianças de maior idade, sendo estes parceiros de aprendizagem, de brincadeiras, de compartilhamentos, de tal modo que o espaço da escola do campo multisseriada é lugar de interação, criação e sociabilidades.

RESUMO FERREIRA, Anderson Portal. Contribuições do ensino de matemática por atividades experimentais e a variação favorável de emoções e atitudes em relação à matemática: Um estudo de caso no 9º ano do ensino fundamental. 2023. 310f. Doutorado. Programa de Pós- Graduação em Educação – Universidade do Estado do Pará, 2023. Este trabalho apresenta os resultados de uma pesquisa experimental que analisou os impactos do processo de ensino aprendizagem em matemática por atividades experimentais, na alteração das emoções e atitudes em relação à matemática escolar. Para isso, foram adotados os princípios da Teoria da Atividade e uma abordagem metodológica fundamentada no Ensino de Matemática por Atividades Experimentais. Os instrumentos de pesquisa incluíram questionários no formato de escalas Likert para avaliação das emoções e atitudes, questionário socioeducacional, diário de classe e entrevistas. A pesquisa foi realizada com 31 estudantes do 9º ano do ensino fundamental de uma escola estadual na região metropolitana de Belém, Pará. Esses alunos faziam parte de uma turma identificada com os piores indicadores de emoções e atitudes em relação à matemática, de acordo com o levantamento inicial desta escola. A análise dos resultados, realizada tanto de forma quantitativa quanto qualitativa, indicou uma alteração positiva global de aproximadamente 11% na escala de emoções. Já para as alterações nas atitudes obtivemos uma alteração global positiva de aproximadamente 5% nesta escala, quando comparamos os resultados iniciais e finais. Em relação às emoções associadas à matemática, observamos um aumento no sentimento de prazer em relação a essa disciplina, acompanhado por uma redução nas emoções negativas de ansiedade, vergonha e raiva. Quanto à emoção de orgulho, notamos uma leve melhoria, embora sem mudanças significativas. Ao analisarmos as atitudes em relação à matemática, ao separarmos as afirmações em categorias positivas e negativas, observamos que as afirmações associadas às atitudes negativas em relação à matemática obtiveram resultados mais favoráveis em comparação com as afirmações relacionadas às atitudes positivas. As principais mudanças ocorreram nos comportamentos e na dinâmica das aulas de matemática, com uma participação mais ativa e consistente ao longo do tempo dos estudantes, refletindo um maior interesse e compreensão dos conteúdos abordados. Além disso, houve um aumento na motivação dos alunos, resultando em uma colaboração mais eficaz entre os grupos e uma resolução mais precisa das atividades propostas. Diante disto apresentamos a Tese de que O Ensino de Matemática por Atividades Experimentais, ao propiciar o compartilhamento do protagonismo, a dialogicidade e a formação do pensamento reflexivo, favorece positivamente a alteração de atitudes negativas em relação à matemática escolar. Por fim, são oferecidas sugestões aos professores que buscam promover atitudes positivas e melhorar as emoções relacionadas ao ensino e aprendizagem da matemática

O tema investigado trata do ensino da educação física e o Transtorno do espectro do autismo. O objeto de estudo são as práticas de ensino em Educação Física no contexto inclusivo, de alunos com TEA, em escola pública estadual no Distrito de Icoaraci no município de Belém/PA. Analisa a prática de ensino de professores de Educação Física que atendem alunos com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) no âmbito escolar, diante da concepção da Inclusão, e para tanto, elege três objetivos específicos: I- identificar propostas oficiais de ação e execução de atividades voltadas para a Educação Inclusiva; II- caracterizar o conteúdo das aulas, bem como o suporte teórico e as práticas desenvolvidas nas aulas de Educação Física com alunos com autismo na Rede Pública de Ensino e III- levantar a produção teórica sobre inclusão de alunos com autismo nas aulas regulares de Educação Física. As categorias do estudo estão pautadas no referencial teórico de Silva (2015; 2016) e Chicon (2011), que discutem a prática do professor de Educação Física, as interlocutoras Orrú (2017), Mantoan (2011, 2015) e Oliveira (2005) que tratam de inclusão de pessoas com deficiência na rede de ensino dentre outros documentos oficiais que orientam o sistema público de ensino com alunos TEA. Usa como etapas metodológicas interdependentes, o estudo bibliográfico e para a coleta de dados, a técnica da entrevista semiestruturada e para análise das mensagens capturadas, a dotação do método da Análise de Conteúdo, segundo Bardin (1977). Em meio à pandemia, três professoras de Educação Física, após a anuência no Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, participaram por meio virtual, como informantes. Como resultado, constatou-se fragilidades teóricas e metodológicas nas práticas de ensino, produzidas pelos desafios e limites que o aluno com TEA representa para o professor de educação física, embora tenham expressado uma sensibilidade para acolher alunos com o TEA e a buscarem estratégias de conduzir suas aulas no fazer pedagógico inclusivo.

Este trabalho tem como objetivo geral analisar as concepções de alfabetização e letramento de professoras alfabetizadoras, relacionando essas concepções com suas práticas pedagógicas. Para isso, buscou-se identificar as concepções de alfabetização e letramento das referidas docentes, verificando como essas concepções são incorporadas por elas no processo de ensino; elaborar o perfil das professoras alfabetizadoras a partir de reflexões teóricas sobre a temática de estudo e investigar como as professoras alfabetizadoras da escola locus deste estudo trabalham alfabetização e letramento. A pesquisa, de abordagem qualitativa e descritiva, foi realizada em uma escola periférica de anos iniciais do Ensino Fundamental do município de Vitória do Xingu, PÁ, interior da Amazônia. As participantes desta investigação foram 16 professoras alfabetizadoras que lecionam em turmas de primeiro e segundo ano (Ciclo de alfabetização). Para produção dos dados, além da revisão de literatura, foram realizadas análise documental da proposta pedagógica da escola e de cadernos de atividades elaborados pelas docentes participantes e entrevistas semiestruturadas. Os pressupostos teórico-metodológicos embasaram-se nos estudos de Soares (1985, 2002, 2004, 2017, 2018, 2021), Street (2006, 2014), Kleiman (2007, 2008, 2010), Bakhtin (2016), Morais (2012, 2019), Morttati (2004, 2006), Ferreiro e Teberosky (1999), Frigotto (1989), Minayo (2007) e seus interlocutores. Os resultados da investigação indicaram que existem muitos reducionismos, conflitos, contradições e fragmentações no entendimento entre as professoras alfabetizadoras em relação às concepções e práticas de alfabetização e letramento no contexto investigado, havendo ênfase nas atividades mecânicas de aprendizagem do sistema de escrita alfabética em detrimento de atividades de letramento, sendo estas últimas quase que ausentes nas respostas das alfabetizadoras e nos cadernos de atividades analisados. Foi constatado, ainda, que concepções de alfabetização e letramento, relacionadas à uma concepção tradicional de alfabetização, têm implicações negativas nas práticas pedagógicas e inviabilizam as atividades voltadas a uma concepção de alfabetização mais próxima do que vem sendo discutido, sobre a temática em estudo, no debate acadêmico e educacional atual, que visa a garantia de um processo de alfabetização mais pleno, criativo, integral e significativo para todas as crianças brasileiras; além da impossibilidade de uma formação orgânica, transformadora e emancipadora com foco no conhecimento e nas práticas sociais.

Esta pesquisa tem como contexto de estudo a Escola Antonio Fausto da Trindade, localizada na Comunidade Quilombola Santo Antônio-Pará. Caracteriza como as práticas pedagógicas acionam os saberes dos sujeitos quilombolas e se elas vêm contribuindo para a organização e autoafirmação sociocultural da comunidade. A pesquisa se organiza a partir de uma abordagem qualitativa, com foco no método histórico crítico. Os sujeitos da pesquisa são seis (06) professores e sete (07) sujeitos moradores da comunidade. Como suporte metodológico, utiliza a entrevista semiestruturada, conversas informais, visita domiciliar, análise de documentos pedagógicos (o Projeto Político Pedagógico da escola, o Plano de Ensino, o Caderno de Atividades, as Diretrizes Curriculares e a Legislação Étnico-racial). Como aporte teórico utiliza fundamentalmente Arroyo (2012), Candau (2008; 2009; 2012), Flick (2009), Freire (1974; 1983; 1987; 2013), Lopes (1987); Munanga (2006; 2015), Quijano (2005), Rezende (2011), Santos (2006; 2010). O texto está dividido da seguinte forma: introdução, seção I, seção II e seção III. Na introdução, apresenta o problema, objeto, objetivos e metodologia da pesquisa, já na seção I, analisa-se o Projeto Político Pedagógico da escola, e dialoga com a realidade sociocultural da comunidade quilombola, a partir de um diálogo epistemológico. A seção II aponta se existem atividades pedagógicas fundamentadas nos saberes socioculturais da comunidade quilombola, na seção III, analisa como estão caracterizadas as práticas pedagógicas da escola. Como resultado alcançado identifica que as práticas pedagógicas não vêm contemplando os saberes da comunidade quilombola, visto que não dialogam com elementos pedagógicos da educação quilombola. A conclusão indica que as práticas pedagógicas da escola Antônio Fausto da Trindade não têm acionado de maneira significativa os saberes dos educandos da comunidade quilombola, por meio da aplicação dos conteúdos.

Esta pesquisa realiza um estudo sobre a experiência de Educação Popular denominada Curso Popular TF Livre e centra sua análise nos impactos e repercussões de sua atuação no território, partindo da questão: como a experiência do Curso Popular TF Livre, fundamentada nos princípios da Educação Popular, vem contribuindo para a construção da consciência crítica e mobilização dos sujeitos sociais alcançados pela sua atuação? Tendo como objetivo geral, investigar como a experiência do Curso Popular TF Livre, fundamentada nos princípios da Educação Popular, vem contribuindo para a construção da consciência crítica e mobilização dos sujeitos sociais alcançados pela sua atuação. Os objetivos específicos são: Reconstruir o percurso histórico da experiência do Curso Popular TF Livre; Analisar como se desenvolvem as ações do Curso Popular TF Livre e quais seus fundamentos teórico-metodológicos; Conhecer os impactos ou repercussões socioculturais e político-pedagógicos a experiência do TF Livre gera no bairro da Terra Firme junto aos sujeitos sociais participantes do projeto. Os fundamentos teóricos perpassam pela perspectiva da Educação Popular Libertadora nas atribuições de significados feitas por Paulo Freire, essencialmente, e por outros autores ao longo do seu desenvolvimento na América Latina e no mundo, bem como a partir da perspectiva da emergência de cursinhos populares que se embasam nessa concepção e se estabelecem como campos férteis das práticas de educação popular. A abordagem metodológica se caracteriza como uma pesquisa qualitativa, fundamentada na perspectiva do Materialismo Histórico e Dialético e que busca se inscrever no campo das modalidades investigativas críticas desenvolvidas no seio dessas respectivas práticas, a saber: a Investigação-Ação Participativa e a Sistematização de Experiências. Os resultados elucidam que a atuação do TF Livre impacta diretamente na construção da consciência crítica de educadoras/es e na mobilização de cada uma/um em prol da transformação da realidade social que cerca. As considerações finais constituem o momento de refletir sobre os resultados e necessidade de continuidade e ampliação de estudos nessa área.

A presente proposta de pesquisa é sobre as Representações Sociais de docentes sobre o brincar da criança e sua cultura lúdica nas séries iniciais do ensino fundamental, suas imagens e sentidos nas práticas educativas. Vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Educação (Mestrado), da Universidade do Estado do Pará (UEPA), na linha de pesquisa Saberes Culturais e Educação na Amazônia. O enfoque metodológico é o Método científico das Representações Sociais dinâmica e processual (MOSCOVICI, 2015; JODELET, 2001, 2005). Caracteriza-se como uma pesquisa de campo, de abordagem qualitativa. Tem por objetivo central, analisar as representações sociais dos docentes nas séries iniciais do ensino fundamental sobre o brincar da criança e sua cultura lúdica, imagens e sentidos nas práticas educativas. O lócus da pesquisa foi em uma escola pública da rede estadual de ensino, localizada no Município de Belém-PA. As intérpretes da pesquisa foram quatro docentes das séries iniciais do ensino fundamental, do 1º ao 2ª ano/9, e uma coordenação pedagógica. Os procedimentos metodológicos para a produção de dados, foi o levantamento bibliográfico e entrevista semi-estruturada com as intérpretes da pesquisa. O tratamento e análise do material reunido, se deu por meio da Análise de Conteúdo de (BARDIN, 1977), de forma completar ao processo de categorização de Oliveira e Mota Neto (2011). Considerado a totalidade do referencial teórico abordado, os resultados da análise das Representações Sociais dos docentes sobre o brincar da criança e as relações com a sua cultura lúdica, indicam a presença de uma concepção do brincar como método, auxiliar da aprendizagem, desenvolvimento e transmissão de valores nas práticas educativas e pedagógicas. Essa concepção, comparece como resposta ao novo estatuto da criança como ator social e seu brincar como experiência de cultura. Para aproximação do novo, ancora-se em referências de significações preexistentes, de modelos teórico-metodológicos historicamente constituidos no campo da educação. Diante desse desafio, partem de conhecimentos prévios do brincar sob o significante dirigido, a partir da pedagogia do artificio, cujo princípio didático, intenciona uma ambiência educativa, que sob formas lúdicas objetivadas, metaforiza o brincar da criança para fins pedagógicos e educativos. Esse modelo de prática, na interface entre o brincar e a educação da criança, é projetado a partir de uma imagem social de infância homogênea e universal, e a criança tornada idealizada, sob modelos teóricos universalizantes. Contudo, em outra camada e ramificação das RS em sua atividade representativa, sob o mesmo sentido compartilhado da didática do artificio nas formas lúdicas, diferenciam-se posições das intérpretes, em vínculo a individualização, no que tange às relações entre experiência e representações sociais, quanto ao modo como experimentam as situações, naquilo que afeta a subjetividade, diante dos desafios cotidianos na relação com as crianças e a forma lúdica de suas culturas infantis. São modos vividos em gradações e modulações, implicados em sentidos e processos, que parecem demarcar em seus efeitos, um importante espaço simbólico de potencial aproximação e diálogo com a criança e sua cultura lúdica.

O presente estudo tem como tema o ensino inclusivo e a metodologia para o esporte adaptado. O objeto de estudo é a prática pedagógica do Professor de Educação Física, na função de técnico esportivo na modalidade basquete adaptado. O objetivo geral analisa a organização metodológica da prática pedagógica do professor de Educação Física que trabalha com o basquete em cadeira de rodas para verificar a categoria mediação nos treinos com a indicação de um Plano de Ensino Individualizado e três objetivos específicos: caracterizar o Plano de Ensino Individualizado para compreender em que momento do processo de ensino sua aplicação metodológica é indicada; levantar as práticas pedagógicas utilizadas pelo professor do esporte adaptado basquete em cadeira de rodas para localizar o ensino e o treino individual e coletivo; localizar a existência de atitudes mediadoras para saber se o professor utiliza ações de inclusão. Os autores no referencial teórico são: Glat; Vianna e Redig (2012), Tannús-Valadão (2010), Munster; Lieberman; Samalot-Rivera; Houston-Wilson (2014), Teixeira (2006), Freitas (1977), Castellano e Araújo (2013), Vigotsky (1934), Freire (2015); (1992). A metodologia utilizada é um estudo de caso e para a coleta de dados a entrevista semiestruturada e a observação, com apropriação do método das teorias materialistas e da psicologia histórico cultural de Vigotsky. Os critérios para inclusão da pesquisa foram: ser professor de Educação Física, trabalhar com o esporte adaptado, modalidade basquete em cadeira de rodas em Belém do Pará, assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, e o lócus do estudo é o Clube All Star Rodas. O texto apresenta três Seções: I Plano de ensino individualizado e a prática pedagógica do professor do basquete em cadeira de rodas; II O trabalho do professor de educação física com o esporte adaptado; III A mediação como categoria para inclusão. Conclui que a organização metodológica do professor do BCR tem como objetivo o trabalho individual e coletivo com os atletas ao respeitar e atender as especificidades das diferentes deficiências. Identifica os benefícios que o esporte proporciona para os praticantes, como agilidade, força, equilíbrio, raciocínio, atenção, melhora da percepção, noção espaço-temporal, socialização, espirito de competitividade, melhora da autoestima, autonomia,  independência, e ressalta a maneira como o professor trata os alunos, com atitudes de sensibilidade e diálogo, desenvolve a inclusão dos 120 atletas com deficiências diferentes, nota também, durante a coleta de dados, a transformação de comportamento e responsabilidade individual e coletiva. Logo, o estudo contribui para o campo da Educação, Educação Física Adaptada e Esporte Adaptado, ao analisar a prática do professor do BCR, destacar conceitos humanista e a abordagem inclusiva e indicar procedimentos didático-pedagógicos voltados para a inclusão, para o ensino individualizado e para o trabalho coletivo, em que são considerados a criação e experimentação, e não apenas, a reprodução do movimento, e o desenvolvimentos de aspectos sociais, culturais e psicológicos de grupos de pessoas com deficiências.        

Este trabalho versa sobre práticas de letramento literário e não literário de alunos (as) da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Nossa Senhora de Guadalupe, situada na cidade de Belém-PA. A partir de uma abordagem qualitativa, pretende-se responder às seguintes questões norteadoras: Quais práticas de letramento e de letramento literário estão presentes no cotidiano escolar dos (as) alunos (as) do 9º ano do Ensino Fundamental regular e do Projeto Mundiar? Essas práticas de letramento literário desses alunos se diferenciam? O objetivo geral foi investigar as práticas de leitura no cotidiano escolar dos (as) alunos (as) do 9º ano do Ensino Fundamental e do Projeto Mundiar. Os objetivos específicos são: identificar as práticas de letramento presentes no cotidiano escolar; destacar as práticas de letramento literário ou não literário desses alunos (as). A escola selecionada para o lócus da investigação localiza-se no bairro do Tapanã, sendo, este, um dos bairros do distrito de Icoaraci. Os sujeitos desta pesquisa foram 5 (cinco) alunos (as) do 9º ano do ensino fundamental e 5 (cinco) do Projeto Mundiar. Como instrumentos de produção de dados foi aplicado um questionário com perguntas abertas e fechadas, foram feitas observações e também foi solicitada aos alunos uma produção textual. Os dados produzidos foram analisados de acordo com as assertivas de Bakhtin (2017) e os aportes teóricos de Street (2014). Os resultados apresentados neste texto dissertativo indicam que o trabalho com a leitura deve perceber aspectos que valorizem muito além do ato de decodificar o escrito, pois ler é compreender para além deste. A leitura é acima de tudo um processo de compreensão que mobiliza simultaneamente um sistema articulado de capacidades e de conhecimentos para formar no cidadão uma competência comunicativa, que pode ter por base o registo gráfico ou visual, ou de outra natureza, seja uma mensagem verbal ou não verbal, o que significa que tudo o que pode ser dito pode ser escrito, desenhado, fotografado, ou seja, ser expresso em vários outros suportes, e são inúmeras possibilidades de leitura, dessa diversidade de suportes que permeia a escola, que a configura como espaço privilegiado de letramento.
Palavras-chave:

Este estudo aborda temática do estágio, componente curricular obrigatório nos cursos de formação de professores, que se efetiva pela articulação universidade-escola, a partir da relação entre professor da universidade, professor da escola e aluno estagiário. Tendo como objetivo, aproximar os futuros professores com o campo de atuação. Assim, o estágio vem sendo considerado de fundamental importância para a formação de professores. Contudo diversas pesquisas na área, tem constatando limitações na sua efetivação. Desse modo, partimos do pressuposto que, o desenvolvimento qualificado do estágio deve considerar que as práticas formativas são produzidas coletivamente. Nesse bojo, destacamos a figura do professor da escola, o principal agente da escola que atua no estágio, acompanhando, orientando os alunos estagiários. Assim, indicamos que o nosso objetivo é analisar a concepção dos professores que participação do estágio curricular do curso de licenciatura em Educação Física da Universidade do Estado do Pará. Nesse processo investigativo, adotamos como referência o Materialismo histórico – dialético, como método fundamentado em uma lógica, que busca apreender o objeto dentro da totalidade da realidade complexa e contraditória, fundamentada em uma concepção de mundo, apresentado nexo com os aspectos político e ideológicos que corroboram com a perspectiva de sociedade contra hegemônica. Como procedimentos metodológicos, foram realizados; o levantamento bibliográfico da produção do conhecimento que focaliza os professores da escola campo de estágio; a análise dos principais documentos que regem o estágio; e a aplicação de entrevistas semiestruturadas com os docentes do quadro efetivo que atuaram como colaboradores do estágio I e II do CEDF/UEPA, das escolas campo e da universidade. E como técnica de análise dos dados, utilizamos da análise de conteúdo. A produção do conhecimento que focaliza os professores colaboradores vem indicando que embora o estágio seja legitimado na formação a partir da relação universidade-escola, existe muitas dificuldades na sua efetivação. O professor colaborador é peça chave no desenvolvimento do estágio e necessita de apoio institucional, legal e formação, para que efetive suas ações formativas na formação dos futuros professores de Educação Física. A análise da concepção do professor colaborador evidenciou que existem muitas fragilidades na concretização do estágio, ausência de trabalho colaborativo, de formação para os professores colaboradores, de uma prosta oficial e profissional que oriente a inserção e o trabalho dos professores colaboradores. O que contribuído para uma visão distorcida e dicotomizada do estágio pelos professores colaboradores. Apesar dos professores colaboradores compreenderem a importância do estágio, predomina uma visão baseada nos modelos tradicionais de formação. Contudo os professores colaboradores têm percebido o potencial formativo amplo do estágio, mas não se reconhecem como formadores pois não existe uma definição institucional da sua função no estágio. Contudo os professores colaboradores têm aceitado colaborar com o estágio, buscando contribuir em alguma medida a formação dos futuros professores no estágio.

O estudo em questão traz uma análise sobre as práticas pedagógicas dos professores da EJA que possuem alunos com deficiência no ensino regular. Assim, o objetivo central do texto é analisar como são as práticas pedagógicas dos professores da EJA que atuam em salas regulares de ensino que atendem à demanda da Educação Especial de uma Escola Estadual do Município de Belém. A partir disto, busca-se de modo específico: (a) identificar qual a concepção que os professores da EJA possuem sobre seus alunos com deficiência; (b) analisar a dinâmica do trabalho educacional dos alunos com deficiência da EJA na Escola lócus da pesquisa; e (c) verificar quais são os percalços que dificultam a ação pedagógica dos docentes da EJA de alunos com deficiência. O tipo de pesquisa desenvolvido na dissertação é o estudo de caso, pois é o que abarca melhor a realidade da sala de aula e seus desdobramentos das práticas pedagógicas que se pretende analisar, visto que trabalha a priori com uma construção empírica da realidade dos sujeitos objetos da pesquisa. Enquanto técnica de obtenção de dados utilizou-se da entrevista semiestruturada, e a sistematização e análise dos dados foi feita a partir da análise de conteúdo de Oliveira e Mota Neto (2011). Dos resultados obtidos destacam-se a falta de estrutura física da escola para que a inclusão ocorra, uma vez que não há sala de AEE no turno da noite, assim como a ausência do professor de Atendimento Educacional Especializado. Notou-se também a visão clínica da educação especial para alguns professores, de modo a condicionar a inclusão do aluno com deficiência a apresentação de um laudo médico. Porém, também foi possível encontrar práticas pedagógicas que compreendem o estudante com deficiência de modo a dinamizar as potencialidades que ele possui para que o processo de ensino-aprendizagem ocorra. Destaca-se ainda ter-se encontrado práticas contraditórias, um professor que teve uma visão segregadora sobre a Educação Especial, porém foi analisado dentro de um contexto social, político e sistêmico e outro educador que desenvolveu práticas inclusivas e humanizadoras com seus alunos a partir de sua concepção sobre educação e deficiência

Esta pesquisa tem por objetivo analisar os posicionamentos éticos e os saberes culturais a partir das narrativas de vida de moradores da Baía do Sol-Mosqueiro-PA. As narrativas de vida são recortes da história de cada morador-narrador, consideradas significativas e que envolvem seus saberes e conhecimentos em vista dos posicionamentos éticos em uma relação entre o eu e o outro em um ato de narrar. A pergunta central da pesquisa é: quais saberes emergem dos posicionamentos éticos dos moradores-narradores da Baía do Sol-Mosqueiro? O percurso metodológico desta pesquisa tem por base a abordagem qualitativa, dando ênfase a narrativas por meio do procedimento metodológico rodas de conversa, que subjaz as relações dialógicas que dimensionam os tipos de éticas envolvidas neste processo científico-narrativo, tendo como base a análise dialógica, haja vista uma dimensão social e política do diálogo como fonte de análise para fundamentar este processo dinâmico. As técnicas de pesquisa utilizadas foram o diário de pesquisa, as rodas de conversa, com a gravação de vídeos para constituição do corpus de pesquisa. O referencial teórico-base da pesquisa são: Bakhtin (2014, 2016, 2017, 2018) e Freire (2014, 2015). Os resultados obtidos no corpus revelam os tipos de éticas envolvidas, bem como lealdade, conselho, atitude, cuidado, determinação/decisão em seus relatos e os saberes referente aos da floresta, da terra e das águas presente nos relatos nos encontros dialógicos, constituindo-se em posicionamentos em relação as questões éticas. Conclui-se que por meio das narrativas de vida podemos identificar os posicionamentos éticos e os diversos saberes culturais contidos no discurso dos moradores-narradores da Baía do Sol.

MORAES JUNIOR, Henrique de. Educação Escolar Indígena “Itaputyr” Tembé Tenetehara e o
Ensino de Filosofia: olhar decolonial e intercultural na Amazônia paraense. 2021. 437f. Dissertação
(Programa de Pós-Graduação em Educação) – Universidade do Estado do Pará, Belém, 2021.
A presente Dissertação de Mestrado objetiva analisar de que forma os saberes filosóficos, educacionais
e culturais do povo Tembé Tenetehara são incorporados no Ensino de Filosofia nos processos
pedagógicos e curriculares da Escola Estadual Indígena de Ensino Médio “Itaputyr”. Tem como
objetivos específicos: a) conferir tendo por base os núcleos universais problemáticos, o ritual e a cultura
do povo Tembé Tenetehara, quais saberes são considerados filosóficos e educacionais que orientam a
vida na comunidade Zawara Uhu; b) verificar no Ensino de Filosofia da Escola Estadual Indígena de
Ensino Médio “Itaputyr” se há relação intercultural e/ou colonial entre o Ritual da Festa do Mingau e
do Moqueado e os saberes filosóficos da tradição europeia; c) identificar qual é a concepção de educação
(colonialidade e/ou interculturalidade) subjacente ao projeto político-pedagógico, envolvendo o
currículo, o material-didático, o plano de aula, a formação docente, a didática, a metodologia e a
avaliação da aprendizagem, da Escola Estadual Indígena de Ensino Médio “Itaputyr” Tembé
Tenetehara; e d) apontar como é estabelecida a relação entre os saberes filosóficos da comunidade
Tembé com os saberes filosóficos da tradição europeia no ensino de filosofia. Os caminhos
Metodológicos assumidos na Pesquisa foram: o Estado do Conhecimento com os descritores: Educação
Escolar Indígena; Interculturalidade; Educação Intercultural; Ensino de Filosofia; Colonialidade. As
análises das Teses e Dissertações evidenciaram a ausência de trabalhos que abordam os saberes
filosóficos indígenas na Educação Escolar Indígena da Amazônia paraense; A pesquisa é qualitativa e
de campo; o Método de Estudo é o Analético. O Lócus de Investigação foi a Escola Estadual Indígena
de Ensino Fundamental e Médio “Itaputyr”, localizado na Terra Indígena do Alto Rio Guamá no Estado
do Pará na Cidade de Capitão Poço no município de Santa Luzia do Pará – PA. Os sujeitos interlocutores
do Estudo são: o Cacique, Liderança Indígena da Aldeia Zawara Uhu por possuir os saberes filosóficos
e educacionais subjacentes ao Ritual da Festa do Mingau (kàwi'u haw), do Moqueado (wyra'u haw) e o
Professor do Ensino Médio de Filosofia da Escola “Itaputyr”. Foram adotados os seguintes
Procedimentos: o Levantamento Bibliográfico sobre os assuntos referentes à Educação Escolar
Indígena; Teoria Decolonial; Filosofia da Libertação; Filosofia Indígena; Filosofia Intercultural; Ensino
de Filosofia; Interculturalidade e Educação e a História do Povo Tembé Tenetehara e, seu modo de vida
e o Ritual do Mingau (kàwi'u haw) e do Moqueado (wyra'u haw). Análise Documental foi realizada

sobre o Projeto Político-Pedagógico Curricular; o Plano de Aula; a Formação Docente, o Material-
Didático; a Prática Pedagógica, a Estratégia Metodologia e a Avaliação da Aprendizagem. Também foi

realizado uma Entrevista Dialógica Freireana com o Cacique, Liderança Indígena e o Professor de
Filosofia. A análise e sistematização ocorreram por meio da análise de conteúdo, da categoria temática
com a: a) “Modernidade e Colonialidade: crítica decolonial, intercultural na educação e no ensino de
filosofia”; b) “O Povo Tembé Tenetehara: história, lócus, filosofia, educação e ritual cultural”; c)
“Política Indigenista, Educação Escolar Indígena no Brasil e no Estado do Pará”; d) “Educação Escolar

Indígena ‘Itaputyr’ Tembé Tenetehara: política educacional indigenista, escola e projeto político-
pedagógico curricular”; e e) “Ensino de Filosofia e Saberes Filosóficos na Educação Escolar Indígena

‘Itaputyr’ Tembé Tenetehara: projeto político-pedagógico curricular, decolonialidade e
interculturalidade na Amazônia paraense”, foram identificadas categorias Analíticas tais como: o
Eurocentrismo; a Colonialidade do poder, de gênero, do ser, da memória, do saber e da natureza; a
Decolonialidade; a Filosofia da libertação, indígena e a intercultural; a Educação intercultural; a
Interculturalidade funcional e a crítica; a Educação bancária e a libertadora; a Educação escolar
indígena; e o Ensino de Filosofia. Por fim os Cuidados Éticos. Infere-se, a ausência dos saberes
filosóficos e educacionais do Povo Tembé no ensino de Filosofia através da Colonialidade do Saber
europeu na ausência do intercultural crítico entre os saberes, com relação funcional de mão de obra, a
ausência plena da Educação Escolar Indígena sendo superadas pela educação democrática, libertadora,
decolonial e intercultural crítica no PPP e no ensino, execução da EEI e do Bem Viver Tenetehara.

SANTOS, Ana Cristina de Sousa dos. Práticas de professores em interface educação especial e educação do campo em uma instituição especializada. 2021. 189 f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Universidade do Estado do Pará, Belém, 2021
Desde a implantação da Educação Especial na perspectiva da educação inclusiva se discute como podem se dar seus processos nos mais variados espaços, formatos e dimensões. Neste último caso, se incluem os trabalhos que tratam da educação especial em interface com outras modalidades como a educação do campo. É o caso da criança com deficiência que mora no campo e estuda na cidade. Nisto, a pesquisa analisa as práticas pedagógicas de professores com crianças ribeirinhas de uma Unidade Estadual Educacional Especializada (UEEE) que atende alunos com cegueira e baixa visão na cidade de Belém do Pará. Em uma abordagem qualitativa e, tendo como procedimento metodológico a pesquisa de campo utilizando-se de entrevistas semiestruturadas e observação com os instrumentos diário de campo, registro fotográfico, análise de documentos escolares e, tendo como participantes 03 professores da educação especial de diferentes setores da UEEE obteve-se os resultados: a UEEE ainda é definida como “única escola” para o tipo de deficiência acima e, de modo geral, possui espaço adequado para funcionamento dos atendimentos; por força de lei tornou seus trabalhos todos à base do Atendimento Educacional Especializado (AEE); alguns alunos possuem outras deficiências e/ou comorbidades que são consideradas pela UEEE em seus planos e práticas docentes; há alunos com deficiência campesinos e/ou ribeirinhos que vêm até a UEEE e que não estão necessariamente matriculados em escola regular e, os alunos ribeirinhos, apesar de alguns desdobramentos nas práticas docentes que movimentem processos interculturais, ainda não são considerados nos Planos Pedagógicos Individuais (PPIs); além do que, se identificou que há alunos do campo que ficam na cidade para terem AEEE direto por uma semana, pois, ao retornarem às suas casas ficarão por lá uns dois meses devido dificuldades de transporte, se flexibilizando assim a agenda de atendimento a esses alunos mas, os prejudicando na frequência às aulas regulares. Os dados analisados apontam a necessidade de uma educação inclusiva e intercultural planejada para o aluno ribeirinho com deficiência que, muitas vezes, possui a UEEE como único espaço educacional para todos os seus serviços e, inclusive os auxiliares do ensino regular. Contudo, se verificaram: poucas práticas pedagógico-docentes que considerem a interculturalidade ribeirinha de cada criança; ausência de formação em interface e pouco contato da Coordenação Pedagógica e dos Gestores da Educação Especial no que se refere à formação de professores, dentre outras questões. Com isto, se almeja que a pesquisa possa subsidiar o debate que venha fortalecer as poucas práticas pedagógicas interculturais ou em interface já existentes na UEEE e problematizar ações inovadoras que suscitem cada vez mais o diálogo da educação especial com outras áreas que considerem as identidades e as especificidades das pessoas com deficiência, em particular das crianças ribeirinhas, que vivem no campo e estudam na cidade.

O presente trabalho tem como objetivo geral elaborar os sinais-termo correspondentes aos passos do Ballet Vaganova em LIBRAS: primeira, segunda e terceira posição, Tendu, Plié, Jeté, Fondu, Frappé, Grandbatments e Rond. Tem como objetivos específicos: identificar a comunicação dos estudantes surdos no momento da aprendizagem do ballet; identificar se há registro de sinais dos movimentos do Ballet Vaganova; verificar e registrar quais são os parâmetros necessários para a criação dos sinais-termo relacionados a cada movimento específico do ballet; sistematizar um glossário dos sinais-termo do Ballet Vaganova. Como referenciais teóricos foram utilizados Faulstich (2014), Tuxi (2017), Quadros (2004) e seus interlocutores. A pesquisa é de natureza qualitativa e descritiva, realizada em duas etapas: criação e validação dos sinais–termo. A primeira etapa se realizou em um ambiente aberto informal com dez participantes adultos sendo, sete surdos e três ouvintes; e a segunda ocorreu no espaço de sala de dança em uma escola para surdos com dez participantes sendo, um adulto ouvinte e nove crianças surdas do quarto ano do ensino fundamental matriculadas na referida escola, dentre esses cinco meninos e quatro meninas. Na etapa de criação dos sinais, analisou-se os passos do Ballet Vaganova e, com base nos parâmetros da LIBRAS, criou-se os sinais-termo. Na etapa de validação dos sinais ministrou-se oito aulas para a turma de crianças surdas a fim de ensinar os sinais-termo. As duas etapas foram registradas por meio de filmagens e fotografias. Para a criação dos sinais-termo, analisou-se os detalhes visuais e o nome dos movimentos, e para a validação dos sinais, criou-se um ambiente de ensino-aprendizagem no qual através de aulas práticas ministradas por uma professora (ouvinte) de ballet, usuária do nível básico de LIBRAS, ensinou-se os passos do ballet às crianças, utilizando os sinais-termo criados na primeira etapa da pesquisa. Os dados analisados resultaram da coleta dos materiais feita nas duas etapas da pesquisa. Os resultados demonstraram a importância da criação de sinais-termo para aprendizagem do surdo no contexto educacional da dança.

Este trabalho consiste em analisar como as/os erveiras/os que trabalham no Ver-o-peso desenvolvem os seus modos de saber-fazer, a dimensão educativa dessas práticas e as contribuições aos estudos da educação intercultural na Amazônia. A realização desta dissertação foi corporificada a partir da participação dos seguintes sujeitos: Edna, Maria Loura, Elizangela, Socorro Loura, Vanessa e João. O lócusdesta pesquisa foi o complexo do Ver-o-peso, situado na cidade de Belém do Pará, no bairro do Comércio, entre a Avenida Boulevard Castilhos França e a Baía do Guajará.Referente à caracterização metodológica,consiste em uma pesquisa com abordagem qualitativa, (MINAYO, 2002); pesquisa de campo(SEVERINO, 2007), em que a coleta dos dados ocorreu no setor das ervas. Trata-se de um estudo de caso(LUDKE;ANDRE, 1986). Situa-se a presente pesquisa de acordo com o enfoque crítico-dialético (SANCHEZ GAMBOA, 2012). Adotou-se como estratégia metodológica a cartografia de saberes, com base na cartografia simbólicade Boaventura de Sousa Santos. Referente aos procedimentos metodológicosforam realizadas entrevistassemiestruturadasindividuais com as/os erveiras/os no setor das ervas; observação in loco (MINAYO, 1994) e registros fotográficos. Para a participação nesta pesquisa, foi realizado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Acerca da sistematização e análise dos dadosforam construídas categorias analíticas e temáticas (OLIVEIRA; MOTA NETO, 2011). A construção das categorias teve como referência técnicas da análise de conteúdo, (BARDIN, 2010). A partir da organização dos dados coletados emergiram os temas autonomia de ser erveira/o; saber-fazer e ensinar-aprender. Referente aos seus modos de saber-fazer o preparo das ervas medicinais, os sujeitos demonstraram aspectos como: memória, crença, religiosidade e herança familiar. As respostas sobre as vivências de ensino e aprendizagem evidenciaram lugares, além do setor das ervas e momentos além do trabalho, como as vivências compartilhadas nos cotidianos familiares. O caráter educativo presente nos modos desaber-fazer das/os erveiras/os corresponde àsvivências cotidianas destes sujeitos, mediante aos atos de ensinar e aprender, os saberes da experiência de curar e os conhecimentos sobre as propriedades medicinais das ervas. Dentre as vivências relatadas pelos sujeitos, observou-se um banhar-se de aprender, referente aos sujeitos praticarem os banhos, fazerem uso dos chás e das garrafadas(combinação de ervas para fins medicinais).As características como: a experiência de sentire diferenciar as ervas medicinais; a importância da relação entre energia espiritual, corpo e mente, que constituem os modos de saber-fazer destes sujeitos, evidenciam corporeidadese anunciam expressividades culturais que contribuem à interculturalidade crítica, haja vista as afirmações das autonomias de ser erveira/o, as especificidades dos saberes sobre cura e bem-estar e os cotidianos de ensinos e aprendizagens, construídos a partir das experiências do viver destes sujeitos.

O anjo do Senhor anunciou à Virgem Maria, e ela concebeu do Espírito Santo... Laroyê, mojubá,
Saravá D. Maria Padilha!” Que Vozes-Corpos revestem meu corpo? Afro religioso, marcado
por insígnias cristãs católicas, alimentado e educado por mulheres marajoaras, prenhes
de um saber afro-ameríndio. Vozes que ressoam nos templos afro amazônidas, nas falas de D.
Maria Padilha. Rainha espanhola do século XIV, agora entidade espiritual, imiscuída às deidades
africanas, reina como reminiscência ancestral. Através de seus dizeres D. Padilha, alimenta
e instrui os filhos e adeptos do terreiro, para uma cultura de resistência do povo de santo na
Amazônia. Vislumbrar os saberes de D. Maria Padilha, entidade afro religiosa, é o que pretende
esta pesquisa: por meio de metodologia autobiográfica (Freeman, 2006), bebendo nas fontes
fecundas das Poéticas Orais (Zumthor, 2010); a costurar redes do Imaginário (Bachelar, 1998)
junto à tessituras da Memória (Halbwachs, 1990) e História do povo do Axé (Sodré, 2017) ; a
construir pontes entre saberes de Terreiro e um educar para o sensível (Maffesoli, 1998), entre
Poesia e rigor cientifico; ao enredar conceitos e perspectivas decoloniais (Santos, 2008; Rufino,
2016-2018) que insurjam um educar mais feliz, mais humano; que por meio da Voz se faz fenômeno
a ser captado pelos sentidos e descrito por uma escrita Poetnográfica (Silva; Lima, 2014).
Assim, pretendo descrever ações em contexto afro religioso, e analisar, qualitativamente, as
falas/informações obtidas, que vindas como narrativas do sujeito pesquisado, D. Maria Padilha,
quando manifesta em transe mediúnico, possam ser destecidas em elos de uma educação sensível,
que para além, do que suponham saber seus inquisidores, ensinam, e assim, o fazem, como
uma canção que planta no mundo, um modo de ser, um amor que respinga em nós e inquieta.

MERCÊS, Ronielson Santos das. As relações dialógicas e antidialógicas entre educandos (as) com e sem deficiência e educadoras em uma turma de ensino médio de uma escola pública de Icoaraci – PA. 149 f. Dissertação (Mestrado em Educação), Universidade do Estado do Pará, Belém, Pará, 2020.
Esta dissertação tem como questão problema: como ocorrem as relações dialógicas e antidialógicas entre educandos(as) com e sem deficiência e educadoras em uma turma de Ensino Médio? Esta pesquisa tem por objetivo geral analisar as relações dialógicas e antidialógicas entre os (as) educandos (as) com e sem deficiência e educadoras em uma turma de ensino médio. O referencial teórico desta investigação tem por base Freire (1982, 1985, 1986 2001, 2003, 2011, 2014, 2015, 2017, 2018); Oliveira (2017,2015), Fleuri (2018); Guedes (2007); Scocuglia (2019). A concepção metodológica tem por base a abordagem qualitativa na perspectiva da análise dialógica freireana. Os sujeitos da pesquisa foram três educandos (as) com deficiência – um educando sem deficiência – duas educadoras. Os procedimentos metodológicos foram levantamento bibliográfico e documental; entrevista semiestruturada dialógica, observação e diário de campo. A sistematização e análise dos dados foram por meio de categorias analíticas e temáticas. Os resultados revelaram que as relações de dialógicas e antidialógicas constituídas pelos sujeitos da pesquisa são presente no contexto escolar, as quais pudemos inferir que: as relações dialógicas são existentes no contexto escolar, sendo realizadas pelos múltiplos sujeitos que buscam a transformação desse contexto educativo para promover o protagonismo dos (as) educandos com e sem deficiência. Assim, constatamos que embora seja uma escola pública de periferia, os resultados evidenciaram as há práticas dialógicas contraditórias: por um lado, as ações das professoras causam transformação nesse espaço escolar, pudemos notar nas falas dos entrevistados que há uma concepção de educação progressista, dialógica libertadora, humanizada e inclusiva ancorada na dialogicidade em construção para reconhecer, valorizar e ouvir as diferenças no contexto escolar. Do mesmo modo também, que ocorrem práticas antidialógicas que refletem nas interações humanas, o modelo de currículo escolar e as práticas pedagógicas que estão postas na organização escolar. Por fim, concluímos que as relações de dialogicidade no cotidiano escolar necessitam ser discutida no ambiente acadêmico e escolar com o objetivo de possibilitar a emancipação e reconhecimento social das pessoas com deficiência, ou seja, é a oportunidade de falar de sujeitos em razão de sua distinção física, sensorial e psíquica no campo da pesquisa em educação, ancorado na dialogicidade freireana como teoria de transformação da realidade escolar.

BARBOSA, Adriele de Fátima de Lima. A Educação Ambiental na Amazônia: um Estudo sobre o Grupo Ambiental de Fortalezinha (GAF). Dissertação (Mestrado em Educação) – Universidade do Estado do Pará, Belém, 2020.
Esta dissertação teve como objeto de investigação a experiência de educação ambiental nas ações coletivas do Grupo Ambiental de Fortalezinha (GAF), objetivando identificar e analisar o que a ação coletiva do GAF, na comunidade tradicional (pesqueira) de Fortalezinha, revelou sobre a sua experiência de “educação ambiental” a partir das narrativas da comunidade e de outros agentes institucionais que compunham o GAF. A problemática fomentada orientou-se pela seguinte pergunta: O que a ação coletiva do GAF, na comunidade tradicional (pesqueira) de Fortalezinha tem a revelar sobre a sua experiência de “educação ambiental” a partir das narrativas da comunidade e de outros agentes institucionais que compunham o GAF? Tencionando obter resposta para esse questionamento, algumas questões “Sul” ajudaram a interrogar e a responder à questão central: Qual a origem do GAF e o que levou a sua constituição? Que papel a Comunidade Tradicional Pesqueira de Fortalezinha teve em sua constituição? O que é possível aprender com essa experiência de ação coletiva de educação ambiental oriunda de comunidades tradicionais pesqueiras da Amazônia sob o enfoque das epistemologias do Sul? Quais os avanços e limites dessa ação coletiva do GAF no tocante à sua proposta de “educação ambiental” na comunidade pesqueira de Fortalezinha na perspectiva das epistemologias do Sul? Que desafios é possível identificar para o debate da educação ambiental a partir dessa experiência com essas populações tradicionais da Amazônia? Para responder a estas questões buscou-se: apresentar elementos que caracterizam a origem do GAF e o que levou a sua constituição, bem como o papel que a Comunidade Tradicional Pesqueira de Fortalezinha teve em sua constituição; analisar a concepção de educação ambiental presente nessa experiência do GAF; investigar em que essa experiência de ação coletiva de educação ambiental do GAF contribuiu para essa comunidade; identificar os avanços e limites dessa ação coletiva do GAF no tocante à sua proposta de “educação ambiental” sob a perspectiva das epistemologias do Sul. O percurso metodológico foi caracterizado pela abordagem qualitativa, sob a perspectiva das Epistemologias do Sul. Com a pesquisa de campo, as técnicas utilizadas foram: estudo de caso, observação participante, diários de campo, registros fotográficos e de áudio, coleta de dados por meio de entrevista narrativa. Este estudo teve a participação de oito sujeitos que participaram do GAF, sendo seis pessoas da comunidade, onde três pessoas se identificaram como pescadores e atuantes em outras atividades econômicas, um agente de saúde, um comerciante e um coordenador de um espaço educativo e duas pessoas que atuaram como agentes externos, que não são moradoras da vila, mas possuem casa e empreendimento particular. Para a interpretação dos dados dessa pesquisa, utilizaram-se as categorias de análise em triangulação de dados. Deste modo, identificou-se que o GAF surge, de início, a partir das problemáticas encontradas com a questão do lixo na comunidade, mas a pesquisa revelou outros fatores estruturais e contraditórios que contribuíram na fomentação de múltiplas discussões dentro do grupo e
consequentemente em ações que objetivassem no atendimento dessas respectivas necessidades básicas de Fortalezinha. De acordo com as narrativas dos sujeitos externos e moradores que participaram da ação do GAF, a experiência de educação ambiental assentava-se em torno do aspecto econômico, social, político, cultural e ambiental, demarcado em sua temporalidade histórica em avanços, apresentado como um espaço formativo e de circulação de conhecimentos para os integrantes na construção de um olhar mais crítico e sensível para o meio ambiente e também na autonomia, participação social e reivindicação de seus direitos. Os limites da atuação do grupo e consequentemente das ações realizadas, foram pontuadas devido a fatores de ordem estrutural que envolvia, desde o apoio financeiro de outras instituições para a manutenção do grupo e fatores que envolviam relações interpessoais. Em consequência dos dados encontrados com a pesquisa e suas respectivas análises, alguns desafios aparecem para pleitear no debate da educação ambiental na Amazônia, os quais destaco: como as comunidades locais estão se organizando frente às problemáticas ambientais atuais, como as áreas de proteção ambiental vem trabalhando a educação ambiental em seus territórios e por fim reconhecer a cultura local da realidade amazônica como elemento fundamental na discussão da educação ambiental da Amazônia.
Palavras

Introdução–Esta dissertação foi desenvolvida diante dos questionamentos que foram levantados por professores na Formação Continuada oferecida pela Secretaria de Educação de Manaus. Em virtude da complexidade do ensino de crianças surdas em escolas regulares, a pesquisa tem como Objetivo-analisar como as pesquisas retratam a realidade do processo educativo da criança surda no contexto brasileiro. Neste contexto foi necessário identificar quais autores são utilizados que fundamentam a discussão do ensino de crianças surdas nas pesquisas identificadas no banco de teses e dissertações da Capes; identificar a concepção de criança surda nas pesquisas identificadas no banco de teses e dissertações da Capes; investigar quais os caminhos que esse tema vem percorrendo nas pesquisas identificadas no banco de teses e dissertações da Capes no âmbito científico; e, apresentar como este processo educativo tem ocorrido por meio das metodologias e práticas pedagógicas nas pesquisas analisadas.Metodologia–Pesquisa de cunho Documental, levantamento de coletade dados de11 dissertações e 3 teses cadastrados no sistema Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior nos anos de 2006-2017, passando por um processo analítico, onde os documentos foram analisados, criticados e interpretados. Resultado–Os autores que trazem a discussão sobre criança aparecem como fonte importante, no intuito de se compreender tanto historicamente quanto socialmente como é a criança ontem e hoje. Constatou-se que novos olhares surgem quanto ao ensino da criança surda, professores buscam metodologias e técnicas para poder alcançar seus objetivos que é ensinar a criança surda. Ao se falar sobre processo educativo da criança surda, percebeu-se que as pesquisas ainda estão muito voltadas a Língua de Sinais, não que seja importante, pois entendo que faz parte do processo, mas que ainda se está muito distante de trazer a realidade de sala no uso de metodologias e técnicas de ensino. Consequentemente ao analisar os documentos selecionados, fui ao encontro de professores que se desafiam em sala de aula no ensinar e outros que apenas se adequam ao que o sistema impõe, prejudicando o processo de aprendizagem da criança surda. Conclusão–A criança surda ainda tem muito o que conquistar quanto ao seu processo de ensino-aprendizagem, que estar incluso em uma sala de aula, não implica estar incluso em sua totalidade, mas que a medida que se dá a oportunidade da criança se expressar e se mostrar, essa realidade pode ser mudada

Esta dissertação cujo título é “gênero, corpo e poder: visões de mundo de estudantes de educação física” parte da problematização dos desigualdades de gênero que permeiam as práticas corporais e o modo como isso é discutido ou não na formação inicial. Apresenta como objetivo geral compreender o modo como estudantes de Educação Física concebem as relações de gênero construídas nas e pelas práticas corporais e mais especificamente, mapear suas compreensões sobre corpo no que tange as práticas corporais relacionadas ao gênero, delinear a concepção destes sujeitos acerca do papel do/a professor/a frente as desigualdades de gênero imbricadas nas práticas corporais e discutir se experiências na formação inicial influenciam o entendimentos destes/as estudantes sobre relações de gênero. A pesquisa desenvolveu-se a partir do campo de estudos de gênero, com Scott (2005), Piscitelli (2002), Rago (1998), atravessado pelo conceito de poder proposto por Michel Foucault (2014) no campo do pós estruturalismo e por fim interseccionado pela Educação, Louro (2007; 2011; 2014; 2018), e pela Educação Física com Altmann (2015). Como caminho metodológico optou-se pela abordagem qualitativa, com enfoque na Fenomenologia Social. Como técnica de reunião de dados utilizou-se a Entrevista Narrativa e para análise e interpretação dos dados recorreu-se ao Método Documentário. Ao todo foram realizadas oito entrevistas com estudantes regularmente matriculados/as nos sétimos e oitavos semestres do Curso de Educação Física da Universidade do Estado do Pará, destes/as, quatro eram homens e quatro mulheres. Através da utilização do Método Documentário de Interpretação foi possível reconstruir os significados que emanaram das narrativas o que possibilitou que se chegasse a três modelos que orientam as concepções dos/as estudantes acerca das relação de gênero implicadas nas práticas corporais, são eles: “situação da mulher”, “binarismo” e “equidade”. O modelo de orientação “situação da mulher” revela um entendimento dos/as estudantes sobre as relações de gênero que se vinculam ao processo histórico de inserção da mulher nas esferas da vida pública e está atrelado à compreensão de luta das mulheres pela conquista destes espaços, inclusive no campo das práticas corporais e no interior da universidade. O segundo modelo de orientação, “binarismo”, relaciona-se a compreensão biologicista de masculino e feminino e crer que estes são polos distintos e complementares e por isso devem receber uma educação do corpo distinta. O terceiro modelo, “equidade”, apresenta um movimento de fissura no entendimento biologicista de educação do corpo e leva em consideração que as práticas corporais devem ser ensinados a todos e todas, compartilhando do entendimento de uma educação justa que apresente os conteúdos de modo significativo e sem desigualdade. Conclui-se que as disputas no campo das práticas corporais relacionadas ao gênero são patentes e que existe um tensionamento entre posicionamentos que creem que as práticas corporais são distintas para homens e mulheres e posicionamentos que pretendem uma Educação Física equalizada para todos e todas.