TRAÇOS AMAZOFÔNICOS NO ENSINO-APRENDIZAGEM DA EDUCAÇÃO BÁSICA
Amazofonia. Educação. Sociolinguística
O presente artigo apresenta resultados da aplicação de uma Sequência Didática voltada às variedades amazofônicas. Essas variedades correspondem ao que chamamos de Amazofonia, identificada a partir de 3 divisões dialetais cujos fenômenos mais comuns são o alteamento de [o] para [u] na sílaba tônica; o abaixamento de [e] para [i] e a grande incidência de nasalizações vocálicas pretônicas. Os teóricos que subsidiam essa classificação são Cassique e Raasky (2013), Borges (1991) e Costa (2021). A proposta do artigo, portanto, é desenvolver saberes linguísticos acerca dos traços amazofônicos, presentes nas falas dos alunos de 6º ano do fundamental, para o ensino-aprendizagem a partir das habilidades da BNCC. As habilidades contemplam leitura e escrita, o reconhecimento das variedades da língua falada, o preconceito linguístico e a reflexão de valores sociais, o posicionamento a partir de debates, culturais e humanos sob várias perspectivas da realidade. Para isto, optou-se por desenvolver uma pesquisa bibliográfica que captou variedades amazofônicas correspondentes ao local de aplicação, que foi a Escola Municipal de Educação Infantil e Ensino Fundamental Sansão Bento Lourido, no Distrito de Curuai, pertencente ao Município de Santarém-PA. Com estas variedades coletadas, foi possível desenvolver uma Sequência Didática capaz de se adequar à realidade do público-alvo. A partir da aplicação da SD, algumas expressões, além das coletadas em pesquisa bibliográfica, foram utilizadas e organizadas em tabela. Os alunos receberam as variedades apresentadas com bastante familiaridade, tornando o conteúdo acerca dos conceitos maleável e pouco trabalhoso de ser aplicado. No entanto, nas atividades de produção textual, necessitou-se de uma atenção maior pois os alunos apresentaram bastante dificuldade em relação à ortografia e à concordância. A partir dos debates e da produção textual, notou-se a baixa auto-estima linguística que foi sendo desconstruída a partir de intervenções de reeducação sociolinguística. Os resultados mostraram que, com a aplicação da SD, os alunos perceberam a diferença entre a oralidade e a escrita e sobretudo o respeito acerca da oralidade.