MUDANÇAS CLIMÁTICAS E DINÂMICA DA PAISAGEM NA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO PARACAUARI, ARQUIPÉLAGO DO MARAJÓ
O Arquipélago do Marajó é o maior arquipélago flúvio-marítimo do mundo, localizado no
estado do Pará, com uma área de 104.139,93 km2. A ilha do Marajó é a maior do
arquipélago, com aproximadamente 50.000 km2, distribuídos entre 16 municípios. A
realidade socioeconômica da população apresenta-se de forma desigual, refletindo diferentes
contextos sociais e econômicos. Apesar disso, a região mantém uma cultura milenar,
marcada por fortes memórias e pelo sentimento de pertencimento. Neste território, ocorrem
diversos conflitos decorrentes dos diferentes usos da terra, os quais estão diretamente
relacionados à conservação e preservação dos recursos naturais, bem como à manutenção da
biodiversidade local. Neste contexto, esta pesquisa objetiva analisar as mudanças climáticas
e dinâmicas da paisagem, decorrentes das diferentes formas de uso da terra na bacia
hidrográfica do rio Paracauari. Esta bacia apresenta uma beleza natural, tendo importância
social e econômica além de oferecer meio de transporte fluvial, pois o rio Paracauari limita
os municípios de Salvaterra e Soure. Este estudo analisa as transformações no uso e
cobertura da terra na bacia hidrográfica do rio Paracauari, no arquipélago do Marajó, entre
2012 e 2022, destacando os impactos dessas alterações nas dinâmicas climáticas e
socioambientais. O arquipélago do Marajó possui ecossistemas sensíveis, que possuem
relevante diversidade biológica em termos de fauna e flora, e tem enfrentado pressões
crescentes decorrentes da expansão agropecuária e urbana, que ameaçam a sustentabilidade
ambiental local. A metodologia adotada envolve pesquisa de referencial teórico, análise de
dados secundários, e dados espaciais de uso e cobertura da terra obtidos na plataforma do
TerraBrasilis, que comporta os dados do projeto TerraClass (EMBRAPA/INPE), além das
bases cartográficas do IBGE. Para analisar os dados espaciais foi utilizado o software QGIS.
Além disso, foram realizadas entrevistas de campo com moradores de comunidades locais,
bem como utilizado drone para registro fotográfico da paisagem. Os resultados indicam uma
redução de áreas de vegetação primária e de massa d’água, especialmente em Salvaterra,
paralelamente ao aumento de áreas destinadas à agropecuária, como pastagens herbáceas e
savanas. Houve incremento da vegetação secundária, sugerindo regeneração em áreas
anteriormente desmatadas. Na porção da bacia hidrográfica que engloba o município de
Soure houve maior equilíbrio entre conservação e uso econômico, favorecido pela presença
da Reserva Extrativista de Marinha, enquanto Salvaterra concentrou os maiores impactos da
expansão territorial. Conclui-se que as mudanças no uso da terra impactam diretamente os
ecossistemas locais e os recursos hídricos, exigindo políticas públicas voltadas à conservação
ambiental e ao ordenamento territorial. A bacia hidrográfica do rio Paracauari, por sua
importância ecológica e social, deve ser prioridade em estratégias de gestão integrada e
desenvolvimento sustentável na região do Marajó.